A Organização de Energia Atômica Iraniana confirmou ontem o apagão no complexo, mas afirmou que o ato de “terrorismo antinuclear” não deixou vítimas nem contaminação. O local é o principal centro do programa nuclear iraniano e já foi alvo de outros ataques (veja mais abaixo).
Khatibzadeh afirmou que ainda é “muito cedo” para determinar os danos materiais causados pelo ataque. “É preciso inspecionar cada centrífuga para ter um balanço dos danos”.
O porta-voz também acusou Israel de sabotar as discussões em andamento em Viena sobre o retorno do Irã ao acordo nuclear de 2015, do qual os EUA saíram em 2018.
Com a saída dos americanos, o Irã começou a descumprir o acordo em 2019, e observadores internacionais alertam que o país vem acelerando as violações ao tratado nos últimos meses.
Após o ataque, a União Europeia afirmou que não aceita tentativas de obstruir as discussões sobre o acordo nuclear com o Irã. “Rejeitamos qualquer tentativa de minar ou provocar o descarrilamento das atividades diplomáticas em marcha”, disse o porta-voz da diplomacia do bloco, Peter Stano.
Autoridades que falaram sob condição de anonimato ao jornal “The New York Times” dizem que a explosão foi um duro golpe para a capacidade do Irã de enriquecer urânio e que pode levar pelo menos nove meses para restaurar a produção de Natanz.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o complexo nuclear será reconstruído com máquinas mais avançadas. “Os sionistas [Israel] queriam se vingar do povo iraniano”, afirmou Zarif. “Nos vingaremos dessa ação”.
Natanz já foi alvo de sabotagem no passado. O vírus de computador Stuxnet, descoberto em 2010 e considerado uma criação conjunta de EUA e Israel, já interrompeu e destruiu centrífugas no complexo.
Em julho, o complexo nuclear sofreu uma explosão misteriosa em sua avançada fábrica de montagem de centrífugas e mais tarde as autoridades iranianas descreveram o incidente como sabotagem.
O Irã também culpou Israel pela morte em novembro do cientista que iniciou o programa nuclear do país.